Stiff Capone

Um jovem de aparência bem simples, sem nada para destacá-lo como um galã, mas menos ainda para horrível. Cabelos pretos e espetados, que lhe caem sobre a maçã do rosto, pele morena, num tom claro, algo como muito tempo andando ao Sol. Seu maior chamativo poderiam ser seus olhos claros, ou melhor que isso, seu olhar. Algo que não permite aos demais saberem o que se passa se assim desejar, mas parecem enxergar até dentro da alma das pessoas. Sua expressão é algo entre o sarcástico e o calculista, devido ao meio sorriso branco que quase sempre está estampado. As vestimentas são simples, um casaco de de tecido preto sobre uma camiseta preta, com as calças da mesma cor. O corpo é magro, mas combina bem com sua altura.

Stiff é um prodígio de mau elemento, sendo taxado algumas vezes até como "desprezível". Egoísta, manipulador, egocêntrico, talvez seja um início para definí-lo. Sempre à procura de uma nova maneira de se dar bem, trata as pessoas como uma parede de escalada para chegar ao seu objetivo, as tratando da maneira que lhe for conveniente para seus fins, quase sempre financeiros. Desde cedo desenvolvendo sua conversa, se tornou esse seu estilo de vida: enganar, iludir, ludibriar as pessoas, e então descartá-las quando fossem desnecessárias. Tem uma forte queda por mulheres que lhe atraem, e acaba se envolvendo com as mais diversas, sem compromissos. Não tem um espírito violento, pelo contrário, prefere resolver tudo com uma boa conversa, onde se destaca, mas não se importa em sujar as mãos de sangue se assim for melhor.

Nascido e criado na periferia da grande cidade de Gil'ead, Stiff teve uma infância dura. Criado apenas pelo pai, que mesmo pobre era honesto e humilde, mal tinham como se sustentar, onde foram diversas vezes quando passou frio e fome. Desde pequeno, viu e algumas vezes presenciou as mais inimagináveis crueldades que um humano (ou não!) podia cometer, desde assassinatos à rituais sombrios. Numa certa noite, enquanto vagava por sua rua à procura de alguma moeda perdida, algo chamou sua atenção num pobre casebre. Era o lar de Heitor, um menino de 5 anos com quem brincava ocasionalmente. O menino era criado por um casal de velhos que o adotaram, gente sinistra, do tipo que te arrepia com um mero olhar.  Ao contrário do que era costume, chamas de tochas tremeluziam dentro do lugar, criando sombras na rua. Stiff, curioso como era, se aproximou da janela da frente para ver, mas nada de anormal ali. Ao contornar a casa para enxergar através de uma pequena brecha que havia na madeira, presenciou a mais terrível cena que podia imaginar. Heitor jazia morto em sua cama, a garganta aberta tingia os lençóis amarelados de carmesim, em sua pele, sinais de mutilação por todo corpo. No canto do cômodo, o casal de velhos sussurravam algo incompreensível para uma marca na parede, um círculo da mesma cor do sangue do menino. Stiff podia jurar que viu o cômodo se encher com uma fumaça negra, que aos poucos tomava uma forma bestial. Era mais do que ele podia aguentar, amedrontado e com as calças molhadas, correu de volta para casa, onde se trancou por uma semana inteira. Nunca mais teve notícia dos velhos, mas testemunhas diziam que viram Heitor, na manhã seguinte, caminhando pelas ruas do bairro cidade à fora. O jovem garoto Capone nunca comentou o acontecido com ninguém, e negava para si mesmo o fato, assumindo apenas que o mal existia, nas mais inocentes pessoas. Após esse acontecido, por muitas vezes pensou ter enxergado vultos, e outras teve certeza, algo que lhe traz lembranças terríveis e parece não abandoná-lo.

A falta de uma figura materna era um sentimento constante durante a infância, que aprendeu a contornar conforme crescia. Nada sabia sobre sua mãe, quando questionava seu pai, este apenas resmungava algumas palavras, algo como "prostituta, ladra e aproveitadora". Seu pai era empregado na mansão de um poderoso comerciante da cidade, e muitas vezes o acompanhava ao trabalho. A desigualdade era imensa, ali havia fartura, e ao retornar para casa, só havia sofrimento. Aos 11 anos de idade, começou a sair com o filho do comerciante, onde teve início sua vida paralela. Rodrik, o filho do comerciante, mesmo com todo o luxo que vivia, se divertia roubando, as mais diversas coisas, até as sem valor, apenas pela emoção. Após algumas noitadas nos mais diversos locais da cidade, becos e vielas, casas abandonadas, esgotos, etc., Stiff adquiriu gosto por essa vida, se aventurando todas as noites pela cidade atrás da sorte grande. Seu pai, honesto e humilde, o questionava sempre que aparecia com dinheiro ou roupas novas em casa, mas à essa altura, a lábia do garoto o enganava direitinho. Aos 13 anos, durante um roubo à uma casa, Stiff acabou sendo pego pela guarda da cidade, e mandado para a temível prisão de Gil'ead. Seu pai, ao saber da notícia, sofreu um ataque fulminante do coração e veio a falecer, sem sequer ver o garoto ali, enjaulado. Quando todos seus crimes começaram a vir à tona, foi levado à julgamento, e condenado. Na saída da sala de julgamento, conseguiu furtar uma adaga de um guarda sem que percebesse, e carregou consigo para a prisão. Planejava render o líder da guarda da cidade, que o acompanhava pessoalmente, mas, ao chegarem aos portões da prisão, um louco revoltado avançou pelas costas de Heinz, o líder da guarda, com uma faca em punho. Num surto de emoção, Stiff o interceptou, e ainda com as mãos algemadas, conseguiu derrubar o atacante com sua adaga, livrando Heinz da morte. Com tal acontecimento, foi novamente a julgamento e absolvido, e após isso, se tornou amigo íntimo de Heinz, um forte aliado. Aos 17 anos teve a notícia que o pai de Rodrik veio a falecer, e agora ele assumia a rota de comércio da cidade. Com tais contatos, era mais que impossível manter Stiff longe da vida sem leis e regras, onde roubar, extorquir e se aproveitar das pessoas, viraram sua fonte de renda, e, acima disso, sua diversão.