Reino das Trevas
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A Lenda de Aka: I - O Décimo Ano

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A Lenda de Aka: I - O Décimo Ano Empty A Lenda de Aka: I - O Décimo Ano

Mensagem por ADM.Noskire 24/5/2020, 17:14

A Lenda de Aka: I - O Décimo Ano

Aqui ocorrerá a aventura de Aka'asha Sitrissias Nahurar.
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Mensagem por Kekzy 24/5/2020, 17:38


A Lenda de Aka
I - O Décimo Ano

A quanto tempo? A quanto tempo estava correndo? Minutos? Horas? Arfava, escorando o meu braço no tronco mais próximo — Urfh, urfh, urfh... - meu peito descia e subia descontroladamente, enquanto me encontrava com a cabeça baixa, olhando para minhas botas, já tão desgastadas — Urfh, urfh... - glup. Engoli em seco, tentando controlar a respiração e passando a inspirar e exalar pelo nariz.

Erguia a minha cabeça, piscando os olhos, ainda me sentindo um tanto torpe, pela falta de ar. "Onde estou?" - me indagava. Há algum tempo atrás, acreditava ter visto alguma coisa. Uma silhueta - foi minha impressão - que despertava algo em mim, no fundo de meu âmago. Estava ficando louco ou era real? Seria... poderia ser... ? Não. Sem chances. Balançava a cabeça, em negação. Estava enlouquecendo. Eram as horas mal dormidas que começavam a cobrar seu preço.

Mas, então, por que havia corrido? E com tanto ímpeto? O fato era que não havia encontrado nada, o que só me podia levar a crer que não havia... nada. Uma sensação de ardência tomou o estômago — Droga! - socaria a coisa mais próxima que houvesse — Droga... - fecharia os olhos, passando a mão por cima deles e espremendo o nariz. "Preciso encontrar um lugar para passar a próxima a noite. Já estou cansado" - concluía.

Destarte, seguiria caminhando, seja lá onde estivesse, até que algo me chamasse a atenção, quando pararia e tentaria me esconder atrás de algum grande corpo sólido, observando atentamente do que se tratava, fosse um animal, fosse alguém ou até mesmo algo.



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Kekzy

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Mensagem por ADM.Noskire 24/5/2020, 21:50



Aka socou a árvore que lhe havia servido de sustentação, mais uma pobre vida sofrendo por causa do seu fanatismo! O tronco aguentou os socos do inábil lutador, embora o impacto fosse o suficiente para lançar algumas de suas folhas ao vento, o qual as levou com suavidade para além da visão do elfo.

Após o ataque súbito e o cessar deste, Aka pôde ouvir os sons característicos de qualquer floresta, além dos sons únicos de Du Weldenvarden. A brisa suave silvou ao fazer seu caminho por entre as incontáveis árvores ao seu redor, enquanto as flores silvestres dançavam para cá e para lá, cada uma mais colorida do que a outra, destacando-se do cenário verde da grama e das folhas. O som de insetos parecia vir de todas as direções enquanto o canto dos pássaros ecoava distante, já que os mais próximos haviam sido espantados devido a balbúrdia causada pelo homem. E também era possível ouvir um canto, não de animal, mas élfico.

Sendo quase que um forasteiro, Aka possuía uma certa dificuldade em se localizar na Grande Floresta, embora fosse algo trivial para os demais elfos. Sendo assim, após a corrida e devido ao cansaço, sentia-se levemente perdido. Olhando ao redor e tomando como base onde estava antes de ver a tal silhueta que o fez correr quilômetros e despertou os olhares desconfiados de alguns elfos pelo caminho, estimou estar próximo de Ellesméra. Ou melhor, "próximo". Dada as dimensões da Floresta Guardiã, oito ou dez quilômetros não era lá muita coisa.

A Grande Floresta era quase como um jardim para os elfos e eles se espalhavam conforme suas vontades, sem regras ou restrições. Mesmo assim, provavelmente por comodidade ou por apreciarem a companhia uns dos outros, a grande maioria se agrupavam nas grandes cidades e em alguns vilarejos espalhados pela imensidão verde, costumeiramente zanzando nelas ou bem próximos delas. Dessa forma, um canto élfico tão próximo de si a ponto de ser ouvido era razoavelmente incomum e, sem nenhuma silhueta suspeita para seguir, Aka foi naquela direção.


Com uns trezentos ou quatrocentos metros de caminhada o elfo viu a fonte do canto e, desconfiado, se ocultou atrás de um grosso tronco de carvalho, observando a cerca de dez metros do alvo. O elfo era mais baixo do que o comum e seu cabelo alaranjado chamou a atenção. No entanto, o objeto em suas mãos e sua voz atraiam ainda mais a atenção de Aka. Sentado no galho baixo de uma árvore, o jovem tinha apoiado em seu colo uma espécie de violão, embora houvesse runas gravadas na madeira escura e o som produzido fosse levemente diferente do comum. Sua voz era… magnífica. Aka teria de forçar a memória para conseguir se lembrar de alguém com a voz tão nítida e bela. Seu canto parecia ecoar por seus ossos, passando um misto de tranquilidade e tristeza, de acordo com a música cantada. Em seu pescoço também havia uma flauta pendurada por uma fina corda trançada. Seria este um bardo ou música era apenas seu hobby?

O músico pareceu não ter notado o arqueiro e permaneceu imóvel, excetuando suas mãos, que percorriam o violão e tocavam suas cordas com maestria. A frente deste, uma platéia incomum: Dezenas de pequenos pardais observavam-no, empoleirados em galhos e alguns até mesmo no solo, movendo suas cabecinhas como se buscassem a melhor posição para ouví-lo, sem dar sequer um pio. O homem terminou a música e abriu um largo sorriso, fazendo uma leve mesura para a sua plateia.

E agora? — Indagou para nenhum pardal em particular. — Que tal uma um pouco mais anim— Tomando um susto, o elfo olhou para sua esquerda, na direção de Aka. O arqueiro recuou a tempo de evitar que o estranho o visse, mas sua presença parecia ter sido notada ainda assim. O baque de uma pequena queda lhe indicou que ele havia descido do galho em que estava e o bater de minúsculas asas simbolizou a ida de sua platéia.

Ao que tudo indicava, Aka havia perseguido um vulto suspeito apenas para se tornar um vulto suspeito para outra pessoa. E agora? Será que ele faria o músico correr por quilômetros, perseguindo uma sombra, assim como ele havia feito a pouco? Bem que há o ditado: O Destino é uma vadia!

Aka'asha Sitrissias Nahurar:

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Mensagem por Kekzy 24/5/2020, 22:58


A Lenda de Aka
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Afagava o meu punho com a palma de minha outra mão, na tentativa de suavizar a ardência que sentia. Socar as coisas nunca era uma boa opção. Muito menos árvores daquela floresta centenária, quiçá milenar, as quais as cascas poderiam ser mais fortes que algumas armaduras.

De toda forma, continuava escondido atrás de outro tronco, respirando suavemente - mal havia notado que, no tempo em que me dei a prestar atenção na música, minha respiração havia estabilizado - e com os ouvidos bem atentos. "Essa voz..." - me fazia sentir estranho. De alguma forma, me sentia mais leve. Por alguns segundos, não existiam problemas. Aquele  peso em meu coração havia se esvaido.

Só por alguns segundos. Tão logo coloquei o rosto para fora, o outro elfo me notou. Não esperava encontrá-lo ali e, da mesma forma, ele também não devia estar me esperando. Por algum motivo, senti meu coração acelerar, voltando para trás do tronco como uma lebre voltava para a toca. Minha respiração logo voltou a ficar pesada; desta vez, pela apreensão. Mas por quê? Havia me assustado? Não. Era pior que isso. Sentia que havia cometido algum crime. Um dos mais horríveis. Era só isto que sabia fazer?!

Suspirei. Cerraria os punhos e volveria os pés, me revelando. Olharia bem para o elfo, ao qual não havia tido a oportunidade de bisbilhotar pelo tempo que gostaria. Um bardo? Um andarilho? Um cidadão qualquer? Achava difícil que alguém que andasse com dois instrumentos por ai agisse apenas por hobby. Ainda, estava parado, mantendo a distância. Não queria que ele me visse como uma ameaça. Havia interrompido algo maravilhoso, algo que... Já havia escutado algo tão bom, outrora? Tentaria lembrar, enquanto sustentava o olhar — Me desculpe - menearia a cabeça, sem saber ao certo o que falar. Sabia apenas que era o certo a se fazer. E mais nada.

Volveria os pés novamente e dispararia em direção à floresta. Não entendia o motivo, mas não queria estar ali. Se ele era um bardo, havia perguntas que eu gostaria de fazer. Quem sabe não houvesse encontrado ou escutado a quem eu procurava? Todavia, não queria ter que confrontá-lo. A bem de verdade... havia um aperto em meu peito. Era a alfinetada que sempre me torturava quando eu sentia que havia feito algo de ruim. Havia-a sentido diversas vezes na vida, desde criança; entretanto, estavam muito mais frequente nestes últimos dez anos.

"Faça-o falar. Volte! Faça-o falar!" - repetia em minha cabeça, enquanto correria. Se havia uma oportunidade, por que estava desperdiçando-a? Eu sabia a resposta. Me sentia como naquele dia, quando sujei as mãos pela primeira vez. Naquela época, achava que a vida tinha algo de belo; de místico. E eu havia interrompido-a; pior, havia tirado o direito de viver de um inocente. Lasha considerou aquilo imperdoável. E eu também; ainda que quisesse muito mais que merecia. Hoje, já não via mais a vida com tanto apreço. É difícil dissertar a razão, mas ao olhar para a minha história, já não preciso mais pensar. E era por isso que eu corria; pois sentia que, se não o fizesse ou parasse de correr, algo trágico aconteceria. Assim como ocorreu aquele dia.

Não obstante, pararia.





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Mensagem por ADM.Noskire 25/5/2020, 22:16



Du Weldenvarden era uma região segura para os elfos, principalmente em uma região tão próxima de Ellesméra. Contudo, após as últimas centenas de anos, com o desmatamento nos limites da floresta, com tantas guerras, com tanto terror rodando o continente, até mesmo no meio da Grande Guardiã havia receio de um ataque, de um inimigo. E isso era facilmente visível quando Aka saiu de seu esconderijo e viu o músico aproximando-se cautelosamente, com seu corpo levemente curvado para a frente e uma das mãos para trás na região da cintura. Seu violão estranho estava mais atrás, encostado no tronco da árvore onde a pouco o elfo de cabelos alaranjados estava. Sua flauta, no entanto, ainda estava pendurada em seu pescoço, balançando a cada passo.

Oh... — A surpresa escapou dos seus lábios ao ver que o intruso era na verdade um igual. Não pareceu reconhecer Aka, mas suas orelhas pontudas eram mais do que o suficiente para identificar sua raça e isto parecia ser mais do que o suficiente. Antes mesmo do arqueiro se desculpar, o alaranjado endireitou sua postura e soltou o que quer que houvesse preso atrás de si, abrindo um largo sorriso.

O pedido de desculpa surpreendeu o músico mais uma vez, fazendo-o virar a cabeça em dúvida, similarmente aos pardais em busca de ouvi-lo melhor. — Hã… Está tud— O-EI! — Gritou, mas já era tarde, Aka correu para além do seu alcance, sem sequer olhar para trás, atormentado por memórias e por suas próprias ações passadas.

Pela segunda vez naquele dia, o jovem elfo correu por entre as grandes árvores de Du Weldenvarden, mas havia uma diferença crucial: Antes caçava e, agora, fugia! Ou melhor, caçava um vulto, uma sombra, enquanto fugia do seu passado. Será que algum dos dois eram atos realizáveis? Alcançáveis pelo elfo? Na verdade, Aka estava preso nessa situação a dez longos anos. Quantos mais seriam necessários até seu fim?

Com uma batalha mental ocorrendo silenciosamente dentro de si, Aka resolveu parar após tanto correr. Sua perna direita, no entanto, cansou de tanto esforço e simplesmente não reagiu corretamente ao seu comando, fazendo-o pisar em falso e rolar até se chocar com seu estômago contra uma árvore próxima, sentindo seu ar sair de seus pulmões. A árvore era assustadoramente idêntica aquela socada mais cedo, embora o arqueiro tivesse a certeza absoluta de estar em uma região diferente da floresta.

Sem reação, permaneceu no chão, deitado de costas e olhando para além das copas das árvores, vendo o céu adquirindo lentamente um tom cada vez mais rubro. Sua roupa estava suja de terra e havia folhas presas em seu longo cabelo. Suas pernas e pulmões ardiam levemente, com uma leve cãimbra percorrendo à sua destra. Após o fim da cãimbra, coisa de um ou dois minutos, poderia decidir rumar para distintas regiões: Ellesméra, ao norte; Kirtan, ao sul; Osilon, à oeste; ou Nädindel à leste. Sendo Ellesméra a mais próxima de onde estava. Também poderia tentar refazer seu caminho de volta ao músico, se é que este ainda estava por lá.

Graças aos seus anos na Capital, tinha um conhecimento raso de cada uma dessas localidades, podendo usá-lo para decidir seu rumo. Falando em Capital… Durante os anos de noivado com Lasha, talvez devido à felicidade, aos momentos compartilhados ou até mesmo ao amor, havia adquirido uma… habilidade? A questão era que, de alguma forma, Aka conseguia sentir o que Lasha sentia, independente da distância ou dos termos entre eles. Quando ela estava feliz, ele sorria; Quando ela chorava, ele sentia um aperto no peito; E quando ela se irritava com alguém, ele se pegava rosnando para o próprio ar. No momento, ele não sentia nada. Mais precisamente, concentrando-se, ele sabia que ela estava ali, em algum lugar. Mas nenhuma emoção forte à infligia no momento e, talvez, esse conhecimento trouxesse algum alívio para a sua mente atormentada.

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Mensagem por Kekzy 25/5/2020, 23:30


A Lenda de Aka
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Como já era de praxe em minha vida, as coisas não saiam como planejado. Em meio a corrida, quando intentava parar, sentir um dor lacerante na perna — Arrgh - minha mão tentou alcançá-la instintivamente, mas o movimento só me fez ficar ainda mais destrambelhado.

O resultado? Rodopiei na terra até atingir uma árvore — AAARGH! - meus pulmões queimaram e minha visão escureceu por um segundo. Esta era a vingança da mãe floresta contra mim? Bem, era mais do que justo. Ali, caído no chão, tentaria erguer o tronco, mantendo-me sentado e usando a árvore de respaldo, enquanto me recuperava. Ficaria ali alguns minutos, olhando os arredores.

Entretanto, a minha mente ainda encontrava-se no elfo de há pouco. "Algo me diz para questioná-lo. Algo que me diz não..." - pensava. Levaria alguns minutos, até me apoiar no chão e me erguer. "Independentemente do que aconteça, não sairei do canto se não arriscar" - concluiria, passando a mão, de leve, em minhas vestes, no fito de me livrar da sujeira.

Desse modo, tentaria me localizar, pelas minhas próprias pegadas ou rastro, fazendo o caminho contrário e voltando para aquela clareira, onde esperava encontrar o músico. Se não o encontrasse, apenas tentaria buscar mais pelas proximidades ou esperaria cerca de duas horas sentado na base do tronco da árvore em que havia-o visto. Do contrário, abordaria-o. Mas o que falaria? Sentia que a situação havia se tornado estranha demais para uma abordagem casual — Lamento - diria — Sou Aka'asha Sitrissias Nahurar - complementaria, olhando bem o seu rosto ao falar o meu nome. Não esperava que ele lembrasse ou me associasse aos meus pais, mas não custava tentar — A quem falo? - indagaria.

Ao momento em que ele me respondesse, desviaria o olhar — Os pássaros voltarão para cá, não voltarão? - peguntaria, olhando para os galhos ou para os passarinhos que voassem à distância — Bardo? - iria direto ao que me interessava. Obtendo uma resposta positiva, projetaria o meu corpo para a frente, com as pupilas dilatadas — O que tem escutado por ai? - seria a minha primeira indagação — Sabe alguma coisa sobre os elfos Yuma'asha Sitrissias ou Mirae'asha Nahurar? Lasha, talvez? - como sempre, meu coração bateria um pouco mais rápido, nestes momentos.





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Mensagem por ADM.Noskire 26/5/2020, 20:51



Após descansar por alguns minutos, com a batalha interna ainda intensa em sua mente, Aka se levantou e fez o caminho inverso, seguindo seus próprios passos, de volta a clareira com o bardo. O bardo, contudo, não estava lá.

Além do arqueiro, havia um único pardal, de pelagem castanha procurando por algo sem sucesso. A entrada do elfo fez com que a ave olhasse em sua direção, observando-o cauteloso, antes de continuar sua busca, voando de galho em galho, olhando de um lado para o outro.

Mesmo andando pelos arredores o elfo não obteve sucesso, nem mesmo o seu olfato pode lhe ajudar. Sentando-se no chão, encostado na mesma árvore usada pelo músico, esperou, enquanto o Sol se escondia no horizonte e o céu escurecia, com um punhado de estrelas brilhando de forma majestosa por sua extensão.

A lua era minguante e, portanto, o luar provia um mínimo de iluminação para Aka. Seus olhos, de forma automática, ajustavam-se à baixa luminosidade, tornando-se levemente amarelados e brilhando no escuro como os olhos dos gatos, permitindo-o ver quase com perfeição. O bardo, no entanto, não retornou, mesmo após as duas horas de espera. Até mesmo o pardal havia ido, pouco depois da chegada de Aka, e não voltara desde então. Nem ele, nem nenhum dos seus iguais.

O pio de uma coruja soou próximo, embora o elfo não pudesse vê-la, enquanto que uma linda borboleta azulada passava ao alcance de sua mão, silenciosa.

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Mensagem por Kekzy 27/5/2020, 20:18


A Lenda de Aka
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O que era uma vívida clareira, onde os pássaros relaxavam aos acordes líricos do estranho elfo, se tornava um lugar monótono. As cores que fulgiam ali pareciam não brilhar tanto quanto antes. O verde das folhas que farfalhavam ao vento parecia mais fraco; a relva, mais cinza. Era assim que sentia todos os lugares pelos quais passava se transformarem. Era algo que odiava. Um fardo inevitável de se carregar.

Remexi a boca, pressionando a minha cabeça contra o tronco, enquanto olhava para o céu, por entre a folhagem. "Esta indecisão um dia irá me matar" - era por esse pensamento que, por muitas vezes, minha obstinação me guiava a fazer as coisas da forma mais direta possível. Faça o que tem que ser feito - era um bom lema. Sem tardar, sem hesitar. Entretanto, em alguns raros momentos, os quais podia contar nos dedos, sentia que estava experimentando algo incrível, algo que pescava nas profundezas de meu âmago os cacos de minha alma.

Compaixão, bondade.... Estas eram as palavras que me escapavam pelos dedos como se tentasse segurar a areia de uma ampulheta. Das palavras ditas, as que mais me machucaram. Foi o que Lasha havia dito para mim em nosso último encontro. "Você abandonou a sua compaixão, a sua bondade... já não te reconheço... não me resta escolha que não abandoná-lo" - as palavras ressoavam em minha mente de forma pesarosa, sempre voltando para me atormentar. Molhei os lábios, abrindo as palmas de minhas mãos sobre as coxas. Estas mãos manchadas de sangue e que só conseguem envolver o fracasso.

Minhas pálpebras baixaram, em desalento. Ali, fechei os olhos, rememorando os bons tempos que ainda estava ao deles — Está na hora de acordar! Você já dormiu demais! - escutava a voz de meu pai, ao jogar o travesseiro de lã em cima de mim. Meus olhos se abriam e eu estava em casa; em nossa tenda. Minha cama que foi feita com a madeira de um salgueiro que caiu após uma tempestade, coberto pela lã das ovelhas naturais dos sopés da montanha, das quais retirávamos apenas o necessário para sobreviver e deixá-las confortáveis, sem que passassem frio.

No instante seguinte, meus pés descalços tocavam a folhagem do chão, a qual foi habilmente trepada por videiras, deixando o nosso lar sempre bastante aquecido. Erguendo a mão, empurrava o tecido que me servia de porta, adentrando na sala de estar, onde encontrava meus pais abraçados. Não podia ver o meu rosto ou senti-lo, mas tinha certeza de que naquele dia eu sorri. No ar pairava um delicioso cheiro de vegetais cozidos grão-de-bico. Nunca havia provado outra comida que não as deles, mas sabia que aquelas eram as melhores refeições do mundo. Sabia, até hoje.

Antes de comer, ia até o lado de fora. Assim que levantava o tecido da entrada, visualizava uma grande tempestade. Parecia estar distante, muito distante, mas seus ventos começavam a soprar cada vez mais forte contra a cabana. Cada vez mais violentos! Rapidamente as estacas de madeira que prendiam a lona iam se desprendendo, enquanto tudo era arrastado para longe. Não foi assim que aconteceu naquele dia. A tempestade havia ficado onde estava; e o meu pai não havia gritado pelo nome de minha mãe. Não naquele dia.

Com um sopro mais forte, todo o cenário era levado e eu ficava ali, sozinho, em um grande vazio. Apenas eu a escuridão. Aos poucos ela tomava forma e virava uma versão lúgubre de Ellesméra. Parecia uma cidade horrenda, onde todo tipo de coisa ruim acontecia; onde só as pobres almas morariam. Eu me encontrava em cima de um galho, acima da estrada, quando vi alguém se aproximar. Meus olhos logo se arregalaram ao vê-la e, quanto mais se aproximava, mais a cidade voltava à Ellesméra que havia conhecido; uma cidade única, de esplendor sem igual. Ela continuava a se aproximar, passo a passo, até parar. Neste momento, senti algo entalado em minha boca. Forcei, forcei, mas nada saía. E assim eu pedia a chance de falar com Lasha. A garota parou, permanecendo onde estava, longe de mim, e aos poucos Ellesméra foi voltando ao que era.

Senti algo quente percorrer a minha face inexpressiva, molhando os lábios e me levantando. Havia desperdiçado uma chance e precisava correr atrás do prejuízo. Não estava satisfeito em deixar um bardo tão bom escapar. Sabia que eram tão bons quanto seus pés viajaram pelo mundo. Era este pensamento que me deixava ressentido. Talvez ele soubesse de algo; talvez ele fosse a resposta. E talvez ele não fosse nada. Não o sentia por lugar nenhum, mesmo respirando fundo e sentindo os diferenciados aromas da floresta. Até, talvez, fosse melhor assim.

De toda forma, me levantaria. Algo me dizia que estava perto da cidade. Era uma vaga impressão, pois não estava tão habituado às redondezas, mas tinha os relances de algumas memórias sobre algumas paisagens. E, nessa hipótese, acreditava que o elfo havia voltado para a cidade. A fim de fazer o mesmo, buscaria por suas pegadas na proximidade, no fito de segui-las e chegar à Ellesméra.




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Kekzy

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Mensagem por ADM.Noskire 28/5/2020, 20:28



Aka nunca foi um tipo muito perceptivo e, portanto, buscar por rastros e pegadas não era tão simples quanto pensou a princípio. Talvez, se fosse um anão, tivesse mais sorte. Um urgal ele provavelmente rastrearia apenas pelo odor forte de suor e sangue. Mas os elfos, esguios e habilidosos, deixavam pegadas tão sutis que apenas um Mestre na arte obteria sucesso. Ainda assim, o arqueiro conseguia precisar a direção que deveria seguir para chegar à Capital de Du Weldenvarden e, portanto, seguiu naquela direção.

Foi necessário quase uma hora de caminhada para chegar nos subúrbios de Ellesméra. Para o elfo, com sua visão quase felina, foi simples andar por entre os troncos, desviando das raízes, das pedras e dos relevos do próprio solo. Sua leveza corporal, obviamente, também era de grande ajuda para tal tarefa. Um humano, com um Sol escaldante sobre sua cabeça, provavelmente levaria o dobro do tempo para fazer o mesmo percurso. Em uma noite mal iluminada, então, seria praticamente impossível

Conforme se aproximava da capital, Aka, e não apenas ele, tinha a sensação de que tudo parecia transpirar um tempo antigo, como se nada houvesse mudado ali nos últimos milhares de anos, e nada fosse mudar. Ao, de fato, atravessar a fronteira invisível que separava Ellesméra do resto do mundo, um elfo ancião surgiu à sua frente, saindo de trás de um tronco como se o esperasse ali a décadas.

Tal elfo era iluminado por um brilhante raio de luz que parecia vir da própria Lua, com um aro de prata sobre as suas sobrancelhas e suas vestes flutuantes dançando com a brisa gélida e suave da noite. Seu rosto era antigo, nobre e sereno. Apesar de nenhuma palavra ser dita, Aka conhecia-o e sabia o motivo dele estar ali: Aquele era Gilderien, O Sábio, guardião de Ellesméra, e o arqueiro não passaria daquele ponto sem a sua permissão.

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Mensagem por Kekzy 29/5/2020, 00:59


A Lenda de Aka
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Os pés leves de um elfo não era algo que podia-se comparar. Era quase como se levitassem. Sabia disso; afinal, os meus também eram. Não logrei êxito em encontrar o rastro, mas cumpria o meu objetivo de chegar à cidade. Ou quase isso.

Quando cheguei aos limites de Ellesméra, Gilderien, O Sábio, aparecia à minha frente. Já havia esquecido deste pequeno detalhe. Havia uma década que não vistava a capital. Não esperava que as coisas tivessem mudado; mas eu havia, desde aquele dia. Não sabia quem havia matado, mas temia que ele soubesse. Bastava um abrir de suas mãos para me deixar entrar; mas, e se não deixasse? Não me recordava de nenhuma vez que isso ocorrera. Meu coração palpitava um pouco mais rápido, ainda que minha expressão fosse serena. Seria hoje o dia que descobriria?

Venho ao encontro do elfo que é razão desta folhas caírem em meus cabelos - me desvencilharia de uma delas, colocando-a na palma de minha mão — Um grande músico. O melhor que conheci - acrescentaria — Receio ter algumas perguntas para ele, ainda que não espere respostas - daria os meus motivos.

Uma vez que o Guardião de Ellesméra me deixasse entrar, rumaria até a maior taverna da capital. Se havia um lugar para um bom bardo ir, seria lá. Sentaria-me em uma mesa e observaria o ambiente, a fim de encontrá-lo. Não faria contato imediato, apenas aguardaria uma chance — Ainda há Wellrynds por aí? Irei querer um, por favor - indagaria, pagando no ato; afinal, não deixaria de esperar sob a companhia de meu vinho predileto.






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Mensagem por ADM.Noskire 31/5/2020, 10:56



O Sábio, após ouvir as intenções do elfo e julgá-las verdadeiras, abriu seus braços, curvando levemente o corpo, indicando a sua decisão. Aka passou por ele e seguiu, sem olhar para trás, pois sabia que lá ele não estaria mais. O arqueiro desejou ir até a maior taverna da capital, sendo que sequer havia tavernas em Du Weldenvarden. Ser um forasteiro havia lhe custado parte de sua cultura. Ainda assim, já tendo vivido lá por alguns anos, junto de Lasha, bastou apenas alguns segundos para decidir o seu rumo: A grande árvore Menoa, bem no centro da cidade.

Apesar da triste história de Linnëa associada à ela, inclusive levemente similar à história do próprio Aka, a grande árvore parecia emanar felicidade, já que não havia um dia, uma hora, que não houvesse festejo em sua base, no alcance de suas raízes.

Centenas de elfos se encontravam espalhados pelo local, o que era mais do que o comum. Seria algum festejo local, desconhecido para o forasteiro? Os elfos conversavam e riam, cantavam e dançavam, descansavam e duelavam, tudo ali, todos juntos e separados. Dentre eles, embora um pouco mais afastada, estava Islanzadí, a Rainha dos Elfos, com sua veste de penas. Ao seu lado, seu corvo de pelagem alva como a neve, assim como alguns nobres buscando favores. A bela mulher, contudo, parecia distraída, olhando na direção em que Aka havia vindo, similar a como ele fazia ao conhecer Lasha.


Outra personalidade que atraiu a sua atenção foi o bardo de outrora, desta vez tocando a flauta em uma melodia alegre, seu violão provavelmente guardado em segurança em algum outro local. Ele pulava de raiz em raiz, equilibrando-se enquanto tocava o instrumento, girando, saltando e rindo. Vários elfos o seguiam, alguns tocando seus próprios instrumentos, embora não tão hábeis, enquanto outros apenas dançando e rindo. Um dos seus seguidores caía após tropeçar em uma das raízes da grande Menoa, levando os elfos à gargalhada. Até mesmo o bardo ria, embora a flauta permanecesse em seus lábios e a melodia continuasse fluindo perfeitamente.

Aka se dirigiu até uma bancada um pouco afastada do tumulto dos elfos, feita de madeira, claramente de alguma árvore derrubada pela própria natureza. Nela haviam diversos aperitivos, principalmente frutas e verduras cortadas em cubinhos, além de alguns pães, leite e vinho. Não havia atendentes ou garçom por ali, os elfos que gostavam de cozinhar ou preparar vinho e outras bebidas levavam seus produtos e dispunham para quem quisesse e, quem quisesse, se servia por conta própria.

Havia alguns copos rústicos de madeira, muito provavelmente criados pela música élfica, embora o próprio Aika não soubesse muito sobre tal habilidade. Pegando um deles, encheu-o de vinho e deu o primeiro gole. O vinho tinto seco possuía uma cor de rubi claro, com um odor terroso e de frutas vermelhas. Seu sabor era igualmente frutado, com corpo leve para médio, fresco e taninos macios. Podia não ser tão bom quanto o Wellrynds, seu preferido, mas era de ótima qualidade.

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A Lenda de Aka: I - O Décimo Ano Empty Re: A Lenda de Aka: I - O Décimo Ano

Mensagem por Kekzy 31/5/2020, 17:22


A Lenda de Aka
I - O Décimo Ano

Não sabia que tipo de sabedoria Gilderien havia alcançado para me deixar passar; ou talvez apenas não soubesse do que havia acontecido. Dava-me um alívio passar pelo Guardião, ao mesmo tempo que me sentia culpado em fazê-lo. Quanto mais seguia a verdade, mais traia aqueles que confiavam em mim. Pois era isso, se ele havia me permitido a passagem, era por confiar em minhas palavras e intento.

De toda forma, precisava encontrar aquele bardo, fosse em tavernas ou na grande anciã Menoa. Como podia esquecer dela? Meus anos viajando estavam-me custando as memórias. Não, não havia esquecido, ela apenas havia fugido de minha mente por alguns minutos. Lembrava-me bem da história que meus próprios pais haviam me contado. Era mais um dia em que a neve alva caia sutilmente e se amontoava em frente à entrada da cabana.

Na ocasião, Yuma, meu pai, havia acendido a lenha e a soprava à vida as pequenas brasas que crepitavam; já Mirae, minha mãe, me envolvia junto a ela em uma coberta de lã - se não fossem as ovelhas da região, com certeza não conseguiríamos sobreviver naquele ambiente frio. A noite já se aproximava e era após o jantar que nos reuníamos em nosso sofá de galhos, arquitetado por pai. Às noites eram sempre marcadas por histórias, das quais me lembrava de muitas e havia esquecido de poucas.

O romance de Linnea era uma das histórias que lembrava. Não sei porque, mas na época havia atraído-me a atenção. Lembro até de pensar que jamais queria sentir a sensação de ser traído e, ao dormir, me indagava se meu pai seria capaz de fazer o mesmo com minha mãe. Sempre respondia-me que não, a fim de me tranquilizar. Tinha certo medo que estivesse errado, mas hoje acredito que ele era completamente devoto a ela. Infelizmente, nem tanto a mim. E, no fundo, sentia que era tudo culpa minha. Não havia sido o suficiente para suprir o buraco aberto em seu coração.

A esta altura, já estaria sentado próximo à Menoa, com uma garrafa de vinho em mãos, de modo que continuava a tirar mais do que oferecia àquele lugar. E era assim por onde passava. Era este tipo de indivíduo desprezível que havia me tornado. Hoje, era irônico pensar em como ela havia sido traída e eu era aquele que traía, apesar de meus temores infantis. Situações diferentes, mas que abalavam igualmente a confiança no outro. Uma traição não precisava ser amorosa. Era algo que havia compreendido tarde demais. Daria um belo de um gole, escorado contra a árvore, observando todo aquele cenário festivo e de alegria. Era um dos motivos pelos quais havia saído dali. Não suportava ser a maçã podre em meio ao cesto. Enquanto todos sorriam, continuava a observá-los, com o semblante austero, sem um pingo de felicidade, restando-me apenas a amargura.

E, pútrido como era, não me iludia com a ideia de que não seria notado. Mas era impressão minha ou a Rainha Islanzadí havia olhado para mim? Sabia de meu segredo? Gilderien havia me deixado entrar sabendo de tudo e havia-a alertado? As perguntavas surgiam em minha mente. Por consequência, daria um olhar em direção à rainha, a fim de confirmar a minha suspeita. "Não pode ser isso, certo?" - me questionaria, voltando a minha atenção novamente para o vinho.

"Nada mal" - olharia para a garrafa de vinho em minhas mãos, cheirando o aroma que saia da boca do recipiente. Não era o melhor, mas sem sombra de dúvidas estava entre eles, de forma que não deixaria de perceber o nome e o produtor. Sentia-me um tanto cansado, mas o gole de vinho e... e aquela música. Já encontrava-me mais relaxado, quando percebi que já havia escutado aqueles acordes antes. Volvia o olhar aos arredores, me deparando com o bardo que procurava. Com a garrafa encostada no chão, ainda em minha mão, usaria da outra para me auxiliar a erguer-me, virando a cabeça rápido em direção ao bardo. Já havia deixado-o escapar uma vez - ou melhor, eu havia escapado -, mas não me permitiria uma segunda.

Levantaria-me e apressaria o passo, pulando as raízes e usando as vinhas e trepadeiras para lançar-me de galho em galho. Não pretendia fazer que nem o trapalhão de outrora, mas sim alcançar o bardo sem perder face, ficando próximo o suficiente para tocá-lo. E, ao fazê-lo, abordaria-o, sem hesitar — Aka'asha Sitrissias Nahurar, filho de Yuma'asha Sitrissias e Mirae'asha Nahurar. Estive à sua procura desde quando nos encontramos na clareira, diga-me, você é mesmo um bardo? Você viaja por outros terras? Você já escutou estes nomes e sabe algo sobre eles? - dispararia todas as perguntas de uma vez, só me interrompendo ao final — Desculpe por tantas perguntas, mas estou em buscas de respostas a tanto tempo... Deixe-me recomeçar - levaria a mão à testa, passando os dedos pelos meus fios prateados, à espera de uma resposta — Prazer, Aka'asha, como posso chamá-lo? - indagaria; e, em seguida, sabendo como chamá-lo, complementaria — (Nome), podemos conversar? - questionaria, por fim.









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A Lenda de Aka: I - O Décimo Ano Empty Re: A Lenda de Aka: I - O Décimo Ano

Mensagem por ADM.Noskire 2/6/2020, 20:40



Enquanto degustava do líquido rubro, Aka dirigiu seu olhar para a Rainha, temeroso de ser observado por ela. Seria uma armadilha d'O Sábio? Contudo, a belíssima mulher permanecia olhando na mesma direção, como se esperasse por alguém. Mas quem? Em suas mãos também havia um copo de madeira, embora polido e incrustado com algumas jóias. Mesmo que fosse presente, qualquer forasteiro conseguiria diferenciar a Rainha dos demais apenas pelo copo usado por ela, isso sem contar as roupas, as jóias, os interesseiros ao seu redor, seus sorrisos congelados no rosto… Talvez nem tudo fosse diferente por ali, no fim das contas.

Voltando o seu foco para o vinho, buscou por um nome ou produtor, mas nada achou. Quem o fizera, fez pelo prazer de o fazer, e nada mais, sem a necessidade de marcar aquela safra com seu nome ou título. O jovem elfo não teve muito tempo para processar aquela informação, quiçá buscar pelo produtor ali próximo, já que o bardo surgiu em seu campo de visão e atraiu toda a sua atenção para si.

Com agilidade e destreza, Aka encurtou o caminho entre eles, parando à frente do bardo e tocando-o no ombro. O músico concomitantemente brecou seu avanço e sua música, surpreso, enquanto aqueles que o seguiam paravam com um certo atraso, sendo atingidos pelos elfos que vinham mais atrás. Fora estes, muitos outros tiveram sua atenção atraída para o músico. — O que houve? — Um dos que o seguia, no fim da fila, perguntou. — Cansou, Iam? — Indagou outro, sentado na base da grande árvore. — Quer um gole de vinho? — Perguntou um terceiro, levantando seu copo para o bardo. Aka, enquanto isso, bombardeou o elfo à sua frente, mal dando-o tempo de processar uma frase antes de cuspir outra em sua face.

Por fim, o bardo apenas ria, divertindo-se com a situação. — Kverth Fricai! — Disse, na língua antiga. — Me chamo William Tanriel. Estranho, eu sei! — Estranho de fato, ainda mais devido ao primeiro nome ser comumente utilizado por humanos. Ser um forasteiro finalmente trazia um conhecimento à mais para o elfo, mesmo no coração de Du Weldenvarden. O músico volvia seus pés, dando as costas para Aka sem cerimônia. — Farei uma pausa breve, amigos! — Informou, ouvindo uma divertida vaia em resposta. Alguns dos elfos pareciam encarar o jovem Aka ao invés do bardo. Ou seria apenas impressão?

Após as vaias, os demais músicos voltaram aos seus instrumentos, tocando, rindo e pulando sob as raízes da Menoa, com os demais os seguindo. O foco ali parecia ser a diversão, independente da qualidade da melodia tocada, apesar da diferença ser audível. William, ou Iam, como o tinham chamado, girou mais uma vez em torno do seu eixo, gesticulando para que Aka o seguisse. — Vejo que já aprecia um bom álcool e fiquei com vontade de fazer o mesmo! — Ele se dirigiu até uma árvore franzina, a menor do local, e se sentou de costas para ela. Ao seu lado havia um copo similar ao de Aka, mas vazio, e o seu violão estranho. Sem embaraço, esticou seu copo para o desconhecido, esperando que este o enchesse. Após tomar um gole, olharia para o interior do copo antes de afirmar: — Esse é do bom! Será do Thurviel?

Dando mais um gole, finalmente começou a responder Aka: — Bem, vamos por parte, como diz nosso querido Jack. — Apesar de sua fala, Jack era um nome desconhecido para o arqueiro. — Sim, sou um bardo. Ainda preciso melhorar muito, mas sim, já estou no início da carreira, digamos assim. — Riu, brincalhão, antes de continuar: — Já viajei bastante, mas não tanto quanto gostaria. Vejamos... — Verteu o copo mais uma vez, saboreando o gosto, pensativo. — Gil'ead, Daret, Teirm... Ah, também fui numa cidadezinha de nome Carvahall! — Contou nos dedos, rindo com o último nome. — Bando de caipiras! Gastei mais dinheiro para chegar lá do que ganhei em sua minúscula taverna! Se é que aquilo pode ser chamado disso! — Riu mais uma vez.

Por fim, comentou sobre o motivo de Aka estar ali, seu pai: — Quanto à… Yumi'asha? Sim, eu o encontrei em Gil'ead, enquanto voltava para cá. Sabe o que é engraçado? — Silenciou-se, deixando que o suspense aumentasse por alguns segundos. — Ele me disse quase a mesma coisa: 'Sou Yumi'asha Sitrissias. Sabe alguma coisa sobre o elfo Aka'asha Sitrissias Nahurar?'. Infelizmente, para ele, eu não o conhecia. — Abrindo os braços, com as palmas para cima, continuou: — E infelizmente, para você, não sei muito mais do que isso. — Bebeu o resto do vinho num gole e esticou o copo para que Aka o enchesse novamente. — Ainda assim, posso lhe dizer como ele se vestia ou lhe indicar onde o vi na cidade, mais precisamente. Contudo, me pergunto porque você fugiu de mim e, mais ainda, porque vocês dois perguntam um do outro, ao invés de tentarem se encontrar de fato. Isso não faz sentido! — Reclamou, sério.

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A Lenda de Aka: I - O Décimo Ano Empty Re: A Lenda de Aka: I - O Décimo Ano

Mensagem por Kekzy 13/6/2020, 16:49


A Lenda de Aka
I - O Décimo Ano

Finalmente estava face a face com o bardo. Ou melhor, William Tariel. "Isso não é nome de elfo..." - ponderava. O próprio rapaz havia mencionado que era um fato estranho, o que me levava a crer que ele era um mestiço, senão um elfo criado por humanos. Ambas hipóteses eram bem interessantes. Ergui o cenho, respondendo — Kverth - propositalmente dava a meia-saudação.

William parecia alguém de muito bom humor e bastante comunicativo - exatamente como um bardo deveria ser. Não era atoa que o achava muito bom no que fazia — Thurviel? É um ótimo vinho - comentaria, olhando para a garrafa e dando mais um gole. "Gil'ead, Daret, Teirm... Carvahall... não estive em nenhum desses lugares, ainda" - ponderava. E era por isso que considerava um bardo tão precioso.

E as fichas que havia apostado nele me davam retorno imediato. Meu coração vacilou por um instante, ao mencionar do nome — É o meu pai. E é claro que estou tentando encontrá-lo! Só não tive a oportunidade, ainda, durante todos esses anos... Então, me diga! Como ele se vestia? Onde ele estava? Para onde estava indo? - indagaria, me projetando um pouco mais para frente, em evidente demonstração de interesse.

Tinha vontade de agarrá-lo pela gola e fazê-lo falar tudo que sabia do meu pai, mas após escutar uma melodia tão honesta, não acreditava que ele pudesse estar mentindo para mim ou escondendo algo — E porque fugi de você... apenas senti que deveria, ou estaria cometendo um ato horrendo - dispersaria a conversa, com poucas e misteriosas palavras — Há tanto interesse nisso? Por acaso vai compor uma música sobre? - perguntaria. Parecia ironia, mas na verdade, não era. Ele havia me dado uma resposta e inflamado a minha esperança, de modo que também o devia uma. Eu podia ter me tornado muitas coisas nesses últimos anos, mas não era tão ruim assim.

Assim, se ele insistisse na resposta, prosseguiria — Não queria interrompê-lo. Senti que havia algo místico à minha frente e perturbá-lo, ainda que eu quisesse, não era o certo a se fazer. Não que eu não fosse capaz de fazer algo errado, mas naquele momento, não queria mais um fardo na minha mão. Fico contente que as coisas tenham acontecido dessa maneira, do contrário, nosso encontro poderia até mesmo ter sido mais... desagradável - falaria de forma honesta — Eka elrun ono - me despediria, na língua antiga.

Destarte, dando um último olhar para a Rainha, já estava pronto para começar a jornada ao meu novo destino. "Gil'ead!" - precisava de alguns preparativos, pois acreditava que a viagem seria longa. Dessa forma, andaria pela vizinhança, em busca de uma forma de obter armamentos e suprimentos, quiçá um meio de transporte. Ao me deparar com qualquer um deles, abordaria-o de forma sutil, primeiro olhando o que estaria "à venda", como um bom interessado e esperando ser abordado.






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A Lenda de Aka: I - O Décimo Ano Empty Re: A Lenda de Aka: I - O Décimo Ano

Mensagem por ADM.Noskire 13/6/2020, 19:52



Ian levantou as mãos, pedindo calma para Aka, embora ainda houvesse um sorriso no rosto. — Eu direi, calma, calma. Mas preciso me lembrar dos detalhes para não informá-lo errado. — Essa desculpa era bastante utilizada por humanos quando queriam que algumas moedas lhe "aguçassem" a memória, mas o bardo realmente parecia dizer a verdade e ponderou por alguns segundos antes de responder: — Vejamos… Eu toquei n'O Caçador Bêbado, é uma taverna no distrito oeste da cidade. Passei boa parte da tarde e da noite lá, foi onde imagino que seu pai me viu. — Respirou longamente, fechando os olhos ao tentar recuperar as memórias daquele encontro. — Sai do bar e fui até uma taverna próxima. Hm… Donzela de Bronze? De Metal? Alguma coisa assim. No caminho um homem, seu pai, no caso, me abordou. — Um triste sorriso surgiu no seu rosto enquanto balançava a cabeça negativamente. — Juro que pensei que seria assaltado ou morto, mas ele apenas me perguntou por você. — Abrindo os olhos, Ian observou seu ouvindo por um momento antes de concluir: — Eu disse que não o conhecia e ele seguiu o seu caminho. — Suspirou. — Sobre as vestes, sei que ele usava um manto velho e escuro e um pano mais claro sobre a cabeça. Estava muito escuro para saber a cor.

Depois das informações dadas e com um pouco de insistência, o músico ouviu atentamente enquanto Aka explicava o motivo de ter corrido. Contudo, apesar da sugestão do encontro poder ter sido desagradável, Ian não pareceu se importar ou sequer entender o significado daquilo, falando em seguida: — A língua antiga, apesar de estar cada vez mais inacessível para os elfos, e ainda mais para mim, ainda tem poder. — Mais uma vez sua expressão era tomada por um triste sorriso. — Mas me surpreende um elfo autêntico como você se sentir assim perante a língua antiga. — Seus olhos espreitavam Aka, curioso, esperando uma resposta para aquele mistério.

Aka, por sua vez, apenas agradecia e se virava. — EI! — O bardo segurava o pulso do arqueiro, puxando-o de volta e soltando-o logo em seguida, como se arrependido de tal gesto. — Perdão. — Com a mão no peito, fez uma breve mesura como pedido de desculpa, mas logo prosseguiu: — Não sei se você conhece Gil'ead, mas ela é considerada a cidade mais segura do continente! — Afirmou, mais uma vez se colocando em silêncio para aumentar a curiosidade do outro. — Mas ela é uma cidade dos Humanos e as outras raças não são bem vindas. — Apontou para as orelhas de Aka, indicando seu ponto fraco. — Se você for mesmo para lá, tenha cuidado! — Alertou, relaxando ao se encostar novamente na árvore. — Posso lhe conseguir um cavalo… Se me disser porque desconhece a língua antiga. — Bebeu mais um pouco do vinho, olhando para o lado, displicentemente.

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A Lenda de Aka: I - O Décimo Ano Empty Re: A Lenda de Aka: I - O Décimo Ano

Mensagem por Kekzy 15/6/2020, 18:41


A Lenda de Aka
I - O Décimo Ano

Tão logo William começava a falar sobre meu pai, meus olhos vidravam e eu não conseguia tirar a atenção dele. Saber de seu paradeiro era de extrema importância, nem que eu ficasse em seu encalço. Se eu fosse até a última cidade onde foi avistado, conseguiria saber o próximo destino dele, até que, por fim, nos encontraríamos. Não seria uma jornada fácil, no entanto.

Um lugar onde outras raças não são bem-vindas? - indagava — Para preservar a cidade deles ou apenas por... preconceito? - restava a dúvida. A informação também era importante. E um cavalo, mais ainda! Encontrar-me com Tariel só podia ter sido obra do destino.

Entretanto, revelar o meu passado me era algo custoso. Porém, se ajudaria em minha busca, não havia mais o que considerar — Fazendo o que um bardo sabe fazer... É tão óbvio assim eu não conhecer bem a língua antiga? - suspirava — Não conheço porque não cresci aqui. Nasci em Blahr Dû-Ahar - "O Cume dos Ventos Nevados", nas Cordilheiras ao oeste das terras de Surda - diria, de forma direta. Deixar isso poético era trabalho dele, não meu — Há mais nesta história, mas como perguntou apenas isso... - dissimulava.

Se ele estava disposto a me dar um cavalo em troca de uma resposta, não mediria esforços para ganhar algo a mais, em troca de minha história. Ambos podíamos ganhar com aquilo, quando ele começasse a se questionar a razão de meus pais terem ido para lá, além do motivo de eu estar procurando o meu genitor, além de diversos outros fatos — A história só fica mais interessante, mas tenho pressa - instigaria, virando-me de costas — Onde busco o meu cavalo? - me despediria, esperando que ele me interrompesse novamente, me ofertando algo a mais, após apalpar propositalmente a cintura, para que ele percebesse que não possuía armas comigo. Movimentos sutis, mas que o espírito de um verdadeiro bardo não conseguiria resistir. Assim esperava.





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A Lenda de Aka: I - O Décimo Ano Empty Re: A Lenda de Aka: I - O Décimo Ano

Mensagem por ADM.Noskire 16/6/2020, 20:40



Puro preconceito! — Respondeu de imediato. — É uma bela cidade e a plebe é normal. Mas os guardas, principalmente o General deles... — O elfo baixou a cabeça e a meneou de um lado para o outro, sem palavras. — Apenas tenha cuidado. — Pediu, sério, mais uma vez.

Aka levava a conversa para um tópico um pouco menos sombrio, respondendo o que Ian havia perguntado, e somente isto, para o deleite do músico. — Bem jogado, bem jogado. — E, após alguns momentos de ponderação, disse: — Não sabia que havia cordilheiras à oeste de S… Ah.. Oeste! Você cresceu próximo dos anões! Chegou a ver algum? Dizem que são bem rabugentos! Hahaha! — No passado, as duas raças haviam se digladiado por décadas, embora tanto tempo tenha se passado que ninguém mais sequer lembrava-se do motivo de tal rixa. Ainda assim, rabugento era uma ofensa leve, quase um elogio, de um elfo para um anão.

Uma leve brisa passava pela grande clareira, fazendo com que Tanriel fechasse os olhos por um momento. Abrindo-os novamente, observou Aka por alguns segundos, desviando seu olhar para a grande Menoa e às centenas de elfos se divertindo, retornando ao elfo à sua frente. — Ok, ok, eu entendi. — Disse com um suspiro, começando a se levantar. — Venha, eu conheço alguém que pode lhe ajudar. — Jogando seu violão por sobre o ombro, olhou mais uma vez para a grande árvore, o coração de Du Weldenvarden, antes de se virar e se afastar dali.

A clareira estava clara como o dia devido às incontáveis lanternas de Erisdar — Lanternas sem chamas, que iluminam por meio de magia, criadas por um elfo de mesmo nome. —, mas bastou poucos passos para que a luz proveniente da Lua se tornasse equivalente às poucas lanternas espalhadas pela cidade.1Em breve você conhecerá um pouco da minha história, então que tal me contar um pouco da sua? Talvez eu lhe faça uma balada em homenagem. Haha. — Brincou, como sempre risonho, seguindo para o noroeste da cidade.

A caminhada duraria algo em torno de dez minutos, o que permitiria a Aka contar parte da sua história, se assim desejasse. Tanriel parou, já no subúrbio de Ellésmera, distante a poucos passos de uma humilde casa. Esta, diferente da maioria, era térrea, sem nenhum degrau ou nivelação visível, embora ainda feita por raízes e troncos. Próximo da entrada, era possível ver um homem sentado no chão, com um violão nas mãos, embora tocasse as cordas demoradamente e sem ritmo. Após respirar bem fundo, o bardo disse baixinho. — Ok, vamos lá! — E seguiu, sem esperar por Aka.

Deixando o seu próprio violão encostado ao lado da entrada da pequena casa, Ian se ajoelhou diante do homem, tocando-o com afeição. — Pai, já é tarde. Vamos entrar?Pai, embora ele fosse um mero humano. O homem relutava em soltar o instrumento, embora fosse visível que Ian conseguisse arrancar dele com um puxão, se assim desejasse. Mas não foi de seu desejo e ele permaneceu adulando o velho, pedindo pacientemente que ele se levantasse e entrasse. — Está tarde e frio, você ficará com dor.

Enquanto ainda adulava o homem, uma belíssima elfa surgiu por trás da casa, com algumas ervas e um pouco de terra nas mãos. Ela sorriu para Aka e lhe fez uma breve mesura, mas logo se voltou para o músico. — Mãe. — Ele disse, beijando-lhe a mão. — Permanece tão bela como na última vez que a vi! — O sorriso da elfa tornou-se ainda mais largo. — Sentimos a sua falta. Eu ainda mais, pois seu pai não obedece a nenhum dos meus pedidos! — Reclamou, embora até as suas palavras ásperas soassem delicadas em sua voz angelical.

O músico respirou fundo, olhando para o velho à sua frente, e ordenou: — Vamos entrar. Não pedirei novamente! — Apesar de seu tom, o jovem esperou pacientemente até que o humano soltasse o instrumento, com uma lerdeza absurda, e só então, após colocar o violão encostado na casa, assim como havia feito com o seu, o pegou no colo e o levou para dentro da casa. — Sabe aquela sua velha espada? Então... — Começou a dizer, embora Aka não conseguisse ouvir o restante da frase. Além disso, o arqueiro também pôde notar que a postura do humano era quase fixa, como se suas articulações não funcionassem corretamente, pois este permaneceu na sua postura estranha mesmo após ser pego no colo pelo elfo.

Esperando pelo retorno de Tanriel, se viu à sós com a bela elfa. Ela o observou sobriamente por alguns instantes, antes de finalmente dizer: — Gostaria de tomar um pouco de chá, fricai? — A última palavra, amigo na língua antiga, servia para lhe dizer que não lhe desejava mal, pois o considerava como um amigo. Talvez por ser amigo do seu filho? — Se quiser, também posso lhe emprestar um pente e uma bacia de prata com água. — Informou, com um leve, quase inesistente, sorriso nos lábios.

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